Jovens venezuelanos e colombianos formam-se no projeto Aprendizagem Profissional Inclusiva

Depois de dez meses de aulas e de aplicação prática do conhecimento, 15 participantes do projeto Aprendizagem Profissional Inclusiva (API) receberam certificado de conclusão do curso de Assistente Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Distrito Federal (Senai-DF). A cerimônia ocorreu na tarde de 28 de junho, na escola de Taguatinga.

O projeto API, que teve início no município de Cristalina (GO), em 2019, tem o objetivo de fomentar a formação técnico-profissional de jovens aliada ao desenvolvimento humano. No DF, é coordenado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Agência da ONU [Nações Unidas] para as Migrações (OIM).

O financiamento é da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID); do Projeto Oportunidades, da OIM; e do Ministério Público do Trabalho. A realização da primeira edição no Distrito Federal foi do Senai-DF, que ministrou o curso, e da Brasal Refrigerantes, que empregou os estudantes. O projeto teve o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF.

A turma foi composta por jovens migrantes da Colômbia e da Venezuela. Na cerimônia de formatura, ao parabenizar os alunos pela conclusão do curso, o oficial de projetos da OIT Erik Ferraz destacou a importância do conhecimento para o crescimento pessoal e profissional e para a solução de problemas sociais.

“Somente assim, com educação de qualidade, com capacitação, vamos conseguir eliminar problemas sérios que temos na nossa sociedade hoje, como o trabalho infantil”, afirmou. “Lá na frente, à medida que as oportunidades forem surgindo, vocês poderão mudar a realidade de outros jovens, de outras pessoas que encontrarem nesta jornada”, declarou Ferraz.

28 6 2024 Formatura do Projeto API Foto Victor Hugo Pessoa TRIPA

A gerente executiva de Educação do Senai-DF, Valéria Silva, chamou a atenção para a necessidade de que os jovens sigam desenvolvendo competências para o mercado de trabalho, inclusive socioemocionais. “O mercado vem procurando pessoas com perfis mais avançados e que estão sempre em busca de conhecimento. Apesar de hoje ser o dia da formatura, após dez meses de curso, vocês precisam compreender que esse é um ponto de partida e que há muito caminho pela frente”, disse.

Já a coordenadora de projetos da OIM Thais La Rosa relembrou a trajetória dos estudantes. “Muitos de vocês atravessaram literalmente terrenos áridos que só o processo migratório pode proporcionar. Mas costumo dizer que há pelo menos duas características comuns a todas as pessoas migrantes, que são a coragem e a resiliência. Isso é muita coisa para trazer na bagagem”, enfatizou.

Experiência na indústria
Michelle Arboleda, de 19 anos, foi um dos concluintes do projeto, que lhe possibilitou a primeira experiência no mercado de trabalho. “Foi extremamente boa, superou as minhas expectativas e senti que influenciou diretamente meu autoconhecimento e a minha autoconfiança. A gente ingressa no mercado cheio de insegurança, sem saber como funciona, e o projeto ajudou demais nisso”, conta a colombiana, que está no Brasil há seis anos.

Para receber o certificado, Michelle e os colegas passaram por 800 horas de capacitação — metade em formação teórica no Senai-DF e a outra metade, prática, na empresa Brasal Refrigerantes, em contrato com garantia dos direitos e das obrigações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Eles aprenderam a executar rotinas administrativas relacionadas a áreas como recursos humanos, marketing, logística e contabilidade, com atenção a procedimentos de trabalho e normas da qualidade, saúde, segurança e meio ambiente. Coordenadora de Desenvolvimento Humano na Brasal Refrigerantes, Cláudia Soares agradeceu aos alunos e aos familiares deles, que estavam na plateia, pela confiança no projeto. “Nós aprendemos muito. Foi uma troca muito rica e estamos muito felizes e orgulhosos por saber que vocês conseguiram concluir essa etapa.”

Quem também cumprimentou os estudantes foi o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Social Aquiles Alencar, que elogiou o trabalho em rede feito pelas instituições envolvidas na iniciativa: “Quando a gente fala em mercado de trabalho, a gente está pensando no ser humano, no cidadão como um todo, e essa inserção é imprescindível para a garantia dos direitos dos nossos cidadãos”.

Ao se dirigir aos concluintes do curso, a procuradora do Ministério Público do Trabalho Geny Helena Fernandes Marques citou a obra Indignai-vos, de Stéphane Hessel, um dos autores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “O que nos move é a indignação. Vocês estão em momento de vitória, recebendo um certificado que muda a vida de vocês não pelo certificado em si, mas pelo processo por que passaram. Vocês estão saindo pessoas melhores e comprometidas e, tenho certeza, com uma capacidade de se indignar e de mudar o mundo”, acredita Geny.

Texto: Samira Pádua
Foto: Victor Hugo Pessoa/Senai-DF
Assessoria de Comunicação do Senai-DF
 
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