Lixo transformado em arte vira atração no Museu República
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- Publicado: Domingo, 03 Junho 2018 10:59
O Instituto Lixo Zero Brasil inaugurou na tarde de sábado, 2 de junho, uma escultura feita de garrafas PET. O dinossauro de 6 metros de altura foi erguido com meia tonelada do resíduo sólido, o que equivale a 10 mil embalagens de plástico. Para montar a estrutura, foram utilizados vergalhões de ferro, bambus, arames e telas de galinheiro. A proposta da intervenção urbana é chamar a atenção do público que passar em frente ao Museu Nacional da República sobre a problemática mundial do lixo e a importância da reciclagem. Dina, como foi apelidada, ficará exposta no espelho d’água do museu durante todo o mês de junho. A iniciativa conta com a parceria do Serviço Social da Indústria (Sesi-DF).
A intervenção Arte com Descarte antecipa o Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, que ocorrerá em 5, 6 e 7 de junho, em Brasília. Segundo o presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, Rodrigo Sabatini, é uma ação lúdica dentro do congresso. O evento reunirá, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, nomes nacionais e internacionais que apresentarão as melhores práticas e as mais avançadas tecnologias em gerenciamento de resíduos sólidos. “O congresso será em um local fechado e com público específico. Aqui, no entanto, é para toda a sociedade. A melhor forma que temos de sensibilizar é pela arte”, disse.
O dinossauro
A obra é criação da artista plástica e ativista ambiental holandesa Maria Koijck. Em 2008, ao visitar Serra Leoa, na África, ela se deparou com uma enorme quantidade de plástico nas praias de Freetown, capital do país. Naquele momento, decidiu dedicar sua arte à conscientização sobre os danos causados pelo plástico. No Brasil, a artista escolheu erguer um dinossauro para fazer um alerta: a raça humana também poderá ser extinta se não mudar os hábitos e continuar a produzir tanto lixo por dia – em média, 1 quilo a cada um dos 7,6 bilhões de habitantes do planeta.
“Vim a Brasília porque acredito que ainda há muito a ser feito quanto à gestão de resíduos sólidos no Brasil”, falou a holandesa. Ela reiterou que está amando a experiência: “O povo brasileiro tem criatividade e entusiasmo para mudar essa realidade”, afirmou. A escultura foi construída em um processo colaborativo, com o apoio de 20 voluntários, entre eles o professor de Artes do Sesi Gama Nailzon de Almeida.
A coordenadora da intervenção, Cláudia Andrade, falou da importância dessa colaboração. “A ideia era que as pessoas colocassem a mão na massa para mudar a própria consciência”, explicou. Cláudia enfatiza a necessidade de entender o que é lixo. “O que chamamos de lixo, na verdade, não é lixo. Ali, há resíduos que têm valor, que podem ser reutilizados, reciclados, reaproveitados, que podem ter outra destinação. Essa é uma responsabilidade compartilhada que começa em casa.”
Atraindo olhares
O dinossauro virou cenário para selfies e tem gerado comentários. Após a inauguração, a família Berber falava sobre a obra de arte. Esperta e consciente, Raira Berber, de 8 anos, entendeu o recado. Questionada sobre o aprendizado que tirava daquele gigante de plástico, ela logo falou: “Aprendi que tenho que reciclar mais coisas e, assim, cuidar do meio ambiente”. A mãe, Luize Laurentini, professora de Inglês, soube da inauguração da intervenção pública por outras mães da escola e achou uma boa oportunidade de ensinar uma lição aos filhos. “É muito interessante. A escultura mudou a paisagem da cidade e, além disso, ensina algo por que brigamos muito em casa: o correto descarte do lixo”, contou. Mãe e filha estavam acompanhadas do pai, o consultor Luigi Berber, e do filho mais velho, o estudante Renato Berber, de 12 anos.
Inaugurando arte com arte
A inauguração da escultura contou com a apresentação do Circo Teatro Udigrudi. A céu aberto, o trio de palhaços Marcelo Beré, Luciano Porto e Márcio Vieira apresentou um esquete do premiado espetáculo Ovo, em que os personagens vivem às margens de tudo, se alimentam e se vestem de restos, e tiram do lixo o sustento e o alento.
Em meio a gargalhadas e aplausos, o lixo ganha vida e se transforma em seres vivos, em música, em poesia. Eles conseguem, assim, passar a séria mensagem: a importância da reciclagem e o cuidado com o consumismo exacerbado. “Diz para que você quer o que não vai te servir?”, resumiu Marcelo Beré.
Congresso Lixo Zero
As inscrições para o Congresso Internacional Cidades Lixo Zero são gratuitas e devem ser feitas pelo site www.cidadeslixozero.com.br.
Representantes de cidades de todos os continentes e especialistas ligados a sustentabilidade, meio ambiente, planejamento, políticas públicas, tributação, entre outras áreas, vão apresentar casos de sucesso. O objetivo é que o contato com experiências positivas inspire gestores públicos e a sociedade brasileira. A Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) conduzirá uma sala temática durante a programação.
O conceito lixo zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seu modo de vida, de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, em que todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e seu uso pós-consumo. Também propõe medidas de ações públicas e privadas que minimizem os impactos do aquecimento global.
A programação do congresso inclui painéis sobre tendências, conscientização e educação, redução e reúso, ações comunitárias e políticas públicas e reciclagem e compostagem. Também haverá workshops.
Veja mais imagens da inauguração da Dina no link.
Texto:Suzana Leite
Fotos: Moacir Evangelista
Assessoria de Comunicação do Sistema Fibra