Os uniformes ficaram nas gavetas. Os equipamentos de proteção e as ferramentas de trabalho também foram guardados. Os computadores, desligados. As pastas com os simulados não foram abertas. Depois de 18 meses de treinamento ininterrupto, com mais de 2 mil horas somadas de qualificação, os jovens competidores, alunos do Senai-DF que irão à 8ª da Olimpíada do Conhecimento, saíram da dura rotina de preparação para o torneio. Nos dias 20 e 21/8 o momento foi de descontração. Num hotel fazenda fora do DF, em meio à natureza, na presença de suas famílias e dos treinadores, os 26 estudantes de nível técnico puderam relaxar, ouvir palestras de incentivo e, ainda, receber orientações finais acerca da competição.
O competidor de Construção em Alvenaria, Robson Rodrigues da Silva, endossou a importância de sair do ‘ambiente de treinamento’ para diminuir a tensão. “Nas últimas semanas, com a proximidade da competição, nós acabamos por ficar muito estressados. Entendo que esse encontro é um ‘fôlego a mais’, é uma forma de sairmos da ‘situação problema’, respiramos e voltamos até com uma nova visão”, disse. E completou: “Também acho muito importante a interação com a família, porque há mais de um ano nosso tempo com a família tem sido muito curto. Estar com eles é receber o aconchego necessário antes da competição”, finalizou.
Enquanto os jovens se divertiam, as mães tricotavam, cada qual contando o orgulho que tem da cria. “Foi o próprio Átos que tomou a iniciativa de fazer um curso no Senai. E por essa atitude, hoje ele está na Olimpíada do Conhecimento. Não é, no entanto, novidade para mim. Falo de um menino disciplinado, focado. Quando ele quer, ele faz. Meu filho já era prendado, e o Senai só veio agregar mais valores pra ele”, contou Maria Raimundo Diógenes (52), mãe de Átos Diógenes, aluno de Refrigeração e Ar-Condicionado.
Antônia Maria Gomes (44), mãe de Marcos Gomes (Jardinagem e Paisagismo), tem muito o que contar do filho. Ela explica que a família morava em Águas Lindas (GO) e, para dar continuidade à rotina de treinamento da Olimpíada do Conhecimento, o rapaz precisava sair de casa ainda antes do raiar do sol. “Assim, tomamos a decisão de deixar a nossa casa e morar de aluguel em Taguatinga. Foi a forma que encontramos para que ele pudesse buscar a qualificação tão sonhada por ele e, claro, por nós”, explica a mãe. Ela relatou, cheia de lágrimas nos olhos, que o filho espera, com todos os conhecimentos e competências adquiridas no Senai, poder mudar a vida da família. “Todos os dias ele me diz: Mãe, o Senai vai me permitir crescer profissionalmente e a senhora vai deixar de trabalhar na casa dos outros pra se dedicar apenas pra nossa casa”, disse dona Antônia, contanto, ainda, que voltou a estudar por incentivo do filho. “Estou fazendo a quarta série e, me formando, vou também fazer uma qualificação técnica no Senai”.
O competidor Silas Souza, da ocupação Funilaria Automotiva, não levou os pais. Embora jovem, ele já constituiu família e, portanto, aproveitou a trégua nos treinamentos e levou a esposa e o filho de um aninho pra também se divertirem. “O Senai foi a melhor coisa que já aconteceu na vida do meu esposo. Ele está realizado e, claro, nós também por ele”, falou Patiane Bastos (19), esposa de Silas. Para ela, o Senai será um grande passou na carreira do marido. “O Senai sem dúvida alguma é uma das maiores instituições de ensino profissional. Ele, portanto, sairá pronto para o mercado de trabalho”, encerrou.
Na oportunidade, os familiares participaram de uma reunião com a coordenação da Olimpíada do Conhecimento do DF. Os pais puderam tirar suas dúvidas acerca da viagem dos jovens – eles embarcam dia 29/8 e só retornam dia 8/9 e, ainda, conhecer o perfil dos demais competidores. Os jovens, por sua vez, ouviram palestra motivacional e tiveram o restante da programação livre. As opções eram as mais diversas. Na piscina, na sala de jogos, nas quadras poliesportivas, os alunos se espalharam e escolhiam a melhor diversão.