Belo Horizonte (MG) - Empresários brasilienses de diversos setores industriais estiveram nesta quinta (4/9) e sexta-feira (5/9) no ExpoMinas, em Belo Horizonte. A Olimpíada do Conhecimento é uma enorme vitrine de talentos, uma vez que reúne competidores de nível internacional – os melhores alunos de nível técnico de todo o País. Os industriários, portanto, vêm como olheiros. Além de identificar o que há de mais moderno em termos de tecnologia para seus respectivos segmentos, eles podem observar os jovens estudantes do DF in loco, realizando tarefas semelhantes ao dia a dia das empresas, a fim de imediatamente após a competição, fazer propostas de contratação para seus próprios negócios.

Pesquisa Sondagem Industrial realizada pela Fibra mostra a preocupação dos empresários com a falta de mão de obra qualificada. O item aparece em 3º lugar no ranking dos maiores problemas enfrentados pelos empresários da indústria do DF e só perde para Falta e demanda; e Elevada carga tributária, que aparecem em 2º e 1º lugar, respectivamente.

Marconi Matias, empresário do setor de Madeira e Mobiliário, disse que a disponibilidade de mão de obra para o Brasil é farta, mas a mão de obra qualificada está cada vez mais escassa. "Esse tipo de evento só corrobora para que aumente cada vez mais a capacidade e qualidade técnica dos trabalhadores da indústria. Faltam trabalhadores com conhecimento. A melhor escola para isso, é o Senai", enfatizou.

Joabson Crisostomo é o competidor do DF na ocupação Marcenaria de Móveis. O jovem decidiu participar da seletiva da Olimpíada do Conhecimento, ainda em março de 2013, por saber que este era o caminha mais rápido para ser um profissional de alto nível técnico e, claro, para conseguir uma boa vaga no mercado de trabalho. "Tive mais de duas mil horas de treinamento. Além disso, havia instrutores à minha disposição. Não foi fácil. Para me manter como competidor do DF, tive que passar quase dois anos levantando antes do sol nascer e pisando em casa perto da meia-noite. Mas valeu a pena cada segundo. Mesmo que eu não ganhe uma medalha na OC, já ganhei uma profissão", diz o rapaz.

Segundo o Guia Escolha Profissões da Indústria lançado pelo Senai Nacional durante a competição, o salário inicial de um marceneiro é de R$ 1.175,29.
Já Luiz Cláudio Moraes, empresário da área de Vestuário, a tecnologia hoje utilizada no chão de fábrica das empresas muda constantemente. "E este torneio é de fundamental importância na busca de novos conhecimentos, expandidos mundo afora. As empresas precisam estar atualizadas para competir interna e externamente", opina.

O DF também tem uma competidora no segmento de Luiz Cláudio. Trata-se de Samanta Farias, de Tecnologia da Moda. A jovem é visionária e sabe bem o que quer. Ela passou em duas universidades federais, do Paraná e do Maranhão, nos cursos de Design de Moda e Artes Visuais, respectivamente. Não bastasse, ela ainda ganhou bolsa de estudos de 100% no IESB, faculdade particular de Brasília. Mas, foi pela qualificação técnica que Samanta decidiu iniciar sua carreira. "A Olimpíada do Conhecimento é uma competição de nível nacional, dando, ainda, a oportunidade ao competidor de ser reconhecido internacionalmente, com a WorldSkills. Nenhuma federal me daria essa chance. Tomei a decisão certa!", diz a jovem, sem pestanejar.

Ainda segundo o Guia Escolha Profissões da Indústria, um técnico em confecções de vestuário ou um técnico em produção da moda ganham, em início de carreira, R$ 1.931,25.

Até amanhã (6/9), os competidores realizam tarefas semelhantes às que enfrentariam em situações reais do mercado de trabalho. O desempenho dos jovens estabelece o padrão de excelência das práticas das 58 ocupações profissionais disputadas no torneio.

Atualização curricular

Além de incentivar a dedicação dos estudantes, a Olimpíada do Conhecimento é uma forma de avaliar a qualidade da educação oferecida pelo Senai. O desempenho na competição forma um conjunto de indicadores que apontam tendências tecnológicas e mudanças nos perfis profissionais que orientam o Senai na atualização dos currículos nas escolas.

Terceiro dia de Provas

As provas continuam a todo vapor no ExpoMinas. Os 27 alunos do DF seguem compenetrados em suas estações de trabalho. É unânime, nesta edição, que o nível das provas está muito elevado. A percepção dos alunos não é injustificada. Em 2015, o Brasil sediará, pela primeira vez na história, a WoldSkills, maior torneio de educação profissional do planeta. Para tanto, o Senai Nacional elevou o nível das provas para que os alunos classificados para a competição internacional estejam preparados para lidar com tarefas de alta complexidade.

Alberto Santos, instrutor e avaliador de Soldagem, explica a prova da ocupação. Segundo ele, os competidores têm que executar três módulos. O primeiro consiste em soldar quatro chapas. Após isso, as chapas são submetidas aos testes dimensional e visual, além do exame radiográfico. O segundo módulo é feito com um vaso de pressão, no qual os alunos têm que realizar os quatro processos de soldagem: TIG, MAG, arame sólido tubular e o processo de eletrodo revestido. Neste caso, também há verificação dimensional e ainda é feito teste hidrostático. "Isso foi o que os competidores realizaram até agora. Já amanhã, sábado, é dia do terceiro módulo. Desta vez, eles irão soldar uma estrutura de alumínio e uma estrutura em aço inoxidável, com o processo TIG", diz.

O instrutor ressalta que, em comparação com as demais edições da Olimpíada do Conhecimento, a prova ficou maior e o tempo muito mais curto. O competidor do DF nesta ocupação é Cláudio Caetano. Ele disputa com outros 19 estudantes de todo o País. "O nível está altíssimo. Muitos alunos estão brigando por medalhas", finalizou, Alberto, que foi aluno do Senai-DF em 1995 e, em 1998, participou do então Torneio de Formação Profissional, também na ocupação de Soldagem. A Olimpíada do Conhecimento só passou a ter este nome e formato em 2001.

Joaquim Venâncio, instrutor e avaliador de Refrigeração e Ar-Condicionado, também corrobora com a análise de que o nível de qualidade e conhecimento exigido em 2014 aumentou e muito. "Na minha ocupação, os competidores têm que projetar uma pista de patinação de gelo. Para essa tarefa, eles têm que executar três módulos. O primeiro consiste na instalação de tubulação e componentes. Já o segundo é todo voltado para a parte elétrica. Eles recebem o projeto e têm que segui-lo em conformidade com as normas de segurança e desenhos. Ao final, tudo tem que funcionar com perfeição" elucida.

O instrutor ressalta que ainda há um módulo, que será realizado amanhã, e que é decisivo para a classificação dos jovens. "Falo do módulo de defeito elétrico e defeito mecânico. Com ele, o resultado da nossa ocupação só será decidia mesmo, amanhã, aos 45 minutos do segundo tempo", encerra.

O DF tem dois representantes em Refrigeração e Ar-Condicionado: Átos Diógenes (18) e Wilker Sousa (20). No entanto, Wilker não veio a Minas Gerais como competidor, mas para passar por mais um simulado. Ele faz parte do projeto Brasil Top One. A ideia é que esses jovens sejam possíveis candidatos para a WorldSkills 2015. Os competidores que levarem o ouro no torneio, disputarão com os alunos "Top One" a tão sonhada vaga no mundial.

Cobertura

O desempenho da delegação do DF durante toda competição pode ser acompanhado pelo site:www.sistemafibra.org.br/senai/olimpíada ou pelo www.facebook.com/ocdf2014.

Texto: Suzana Leite
Fotos: Nilson Carvalho

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